VII. Algumas posições extraídas de outros textos lidos

VII.I. Schillebeeckx - sua posição é a oficial da Igreja, minimizando sempre o valor das aparições. Citando a encíclica Pascendi, de Pio X, conclui que a pregação sobre Nossa Senhora, a Mãe de Deus, deve preceder a pregação sobre, por exemplo, Fátima. O que se exige dos cristãos é o culto à Mãe de Deus. Assim, não aprova o costume de certos pregadores de exaltar as promessas, por exemplo, do Sagrado Coração de Jesus ou de Maria Santíssima, obscurecendo o dogma cristológico ou mariológico, ou deles falando em função das revelações particulares, pois isso seria inversão de valores. Deve-se pregar sobre a Mãe de Deus segundo o Evangelho: em La Salette, ela se preocupou com a colheita que ia apodrecer; em Caná, ela preocupou-se com os convidados - “Não têm vinho!”. Não é La Salette, mas a revelação pública que nos ensina a preocupação de Maria Santíssima pelos homens.

VII.II. Laurentin - apresenta duas razões para a tendência dos teólogos em depreciar as aparições: 1) sabem que a Revelação está terminada; 2) a mediocridade e a excitação quase delirante de certas publicações sobre o assunto. Porém, afirma que se não temos obrigação de crer nas aparições, temos pouco senso de Deus e da Igreja, colocando-nos fora de sua vida ao recusarmos, na teoria ou na prática, tudo o que fosse desse domínio.

VII.III. González - não vê qualquer razão séria pela qual, teologicamente, devam ser excluídas a priori as aparições. Apresenta as seguintes razões:
a) nenhuma norma racional nossa seria capaz de limitar o direito do Espírito Santo de se comunicar com quem queira e como o deseje;
b) existe nas Escrituras uma série de comunicações especiais: Gn 12,1-3; Ex 3; Lc 1,26-38; Mt 1,18-25; At 7,56; At 9,5, sobretudo as aparições de Jesus ressuscitado a seus discípulos;
c) se acreditamos no infinito amor do Senhor por seu Povo e no amor maternal de Maria, que aceitou sua missão em favor da Igreja, não há motivos para limitar artificialmente sua possibilidade de intervenção especial por argumentos racionais;
d) o homem, material e espiritual ao mesmo tempo, necessita de sinais. Devido a essa característica do ser humano, o Senhor estabeleceu uma Igreja sacramental, se bem que esta não se detém nos sinais. A graça comunica-se por sinais sacramentais. Nessa categoria de sinais é que devem ser colocadas as aparições, mas que jamais poderão substituir os sinais sacramentais garantidos pela revelação “oficial” para salvação do homem, nem ser acrescentadas em forma de “novos sacramentos”, estando, no máximo, a seu serviço

Após todo o exposto, a conclusão sobre as aparições cabe a cada um. Mas as palavras do papa Urbano VIII podem ser sabiamente úteis: “Em casos como de aparições, é melhor crer do que não crer, porque se tu creres e se comprovares que é certo, te alegrarás por haver crido, porque a Santa Mãe te pediu. Se creste e a aparição era falsa, haverás recebido todas as bênçãos como se houvesse sido verdadeira, porque assim acreditaste”.

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