V. Algumas questões sobre as Aparições de Nossa Senhora segundo a CNBB

A CNBB, no pequeno livro citado na bibliografia ao final deste trabalho, apresenta de forma breve, clara, objetiva, direta e popular algumas questões a respeito das aparições de Nossa Senhora. Após o que foi apresentado com base no Dicionário de Mariologia, percebe-se claramente que o texto da CNBB é bastante simplista e até mesmo um pouco tendencioso para diminuir o valor das aparições, baseado numa interpretação racionalista, sobretudo psicológica de corte parapsicológico (cf. parte IV.I.II, ítem 3 deste trabalho).

V.I. As aparições existem mesmo ou são invenção das pessoas?
Cada caso é um caso: em Guadalupe, Lourdes e Fátima há muitos indícios de uma forte presença de Deus, o que nos faz acreditar que não é algo sonhado ou inventado; em outros, os sinais são tão confusos, fora de sintonia com o Evangelho e a caminhada da Igreja, que fazem a gente desconfiar. De qualquer forma, as aparições não são uma comunicação de Deus totalmente pura. Na mensagem do vidente vêm misturadas as suas experiências psicológicas e culturais, a visão que ele tem do mundo, a mentalidade da época e muitas coisas mais. Assim, a mensagem das aparições não pode ser tomada ao pé da letra, cabendo-nos separar o que nos parece mais próximo de Deus daquilo que é limitação humana.

V.II. Por que só algumas pessoas vêem Nossa Senhora? Elas têm mais fé do que a gente?
As pessoas que vêem e ouvem Nossa Senhora são chamadas de “videntes” ou “confidentes”. Normalmente têm um poder mental extraordinário, são “sensitivas” ou “paranormais”. Captam e interpretam a presença de Deus de maneira mais intensa que nós. No momento de uma provável aparição, elas entram em “êxtase”, uma forma de consciência diferente do normal. Para nós, importa saber que Deus se serve dessa capacidade extraordinária das pessoas para nos comunicar algo de seu amor, através de Maria.

V.III. Para que existem aparições, se Deus deixou sua revelação na Bíblia?
As aparições não são uma nova revelação de Deus para completar ou continuar o que Jesus Cristo nos deixou, não substituindo a Bíblia nem o Espírito Santo, que fala no coração de cada cristão e da comunidade. Recordam a única revelação de Deus em Jesus Cristo.

V.IV. Por que hoje há tantas prováveis aparições?
Porque todo o contexto atual de insegurança, crise, medo e misticismo de final de milênio cria um ambiente favorável para surgir e se desenvolver fenômenos místicos extraordinários.

V.V. Como saber se uma aparição é verdadeira ou não?
Embora não se possa afirmar com certeza, alguns critérios ajudam:
a) equilíbrio mental do vidente;
b) honestidade do vidente e de seu grupo, que devem buscar, com simplicidade, a fidelidade à vontade de Deus e não os seus interesses pessoais;
c) a qualidade da mensagem, que deve estar de acordo com o Evangelho e com a caminhada da Igreja;
d) os frutos das aparições, como levar muitos cristãos a uma vivência melhor da fé, da esperança e da caridade; as curas e milagres.

V.VI. Quando acontecem milagres ou sinais no céu, é uma prova de que a aparição é divina?
Não, porque a força do poder da mente associada à fé das pessoas que procuram os locais das aparições pode produzir frutos maravilhosos, mesmo que a aparição não seja verdadeira.

V.VII. Por que muitos videntes insistem sobre o fim do mundo e o castigo de Deus sobre a humanidade?
É o exemplo de como se misturam, na experiência do vidente, as coisas de Deus com as coisas humanas. Sempre que há uma grande crise nas civilizações, como está acontecendo atualmente, alguns prevêem a destruição como única forma de limpar tudo e começar direito outra vez. Na verdade, nós não sabemos sobre o fim do mundo (cf. Mt 24,36).

V.VIII. A gente é obrigada a acreditar nas aparições?
Não, as aparições não fazem parte do credo e dos dogmas católicos. Nós temos a liberdade de aceitar ou ignorar essa experiência religiosa. Os que não crêem em aparições devem respeitar os que pensam diferentes deles.

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